sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Enlace

Durante a semana, tive inúmeras percepções diferentes sobre os nós que existem e os nós que eu criei. A princípio, costumava atá-los com toda a força sem saber que um dia teria que desatá-los e que a dor do desenlace é cruel e as marcas demoram a sair. Num segundo momento, me enovelei e os pequenos nós que aconteciam entre os fios soltos, se desatavam rapidamente. Certa vez tentei fazer um laço, mas saiu chocho e eu gosto de coisas pomposas.
Por um período, acreditei que me trançar seria a melhor saída. Um nó comigo mesma, com meus próprios fios. Ninguém nunca descreveu o quanto uma trança pode ser solitária, mas eu estava determinada a aceitar e cultivar, de certa maneira, a solidão. Tão cansada de nós frouxos demais e de tantos desenlaces. O porquê de eu não conseguir cumprir as minhas promessas relacionadas a essas questões é uma incógnita.
É como um ímã pra mim. Será como um ímã pra você também? Muitas interrogações pairam como balões dentro do meu quarto e eu queria poder estourá-los, mas fazem muito barulho e até que são bonitos de observar.
Maior sofrimento do que não saber reconhecer a felicidade quando ela chega ainda não conheci. E sabe, eu não costumo escrever quando estou feliz, mas você me faz querer escrever o tempo todo, na alegria e na tristeza (não é assim que tem que ser?).
Logo eu que gostava de ser o centro das atenções, fico admirando o seu brilhar - intenso e radiante. Me contento com a posição de telespectadora, mas preferia ser protagonista em conjunto. Eu sei esperar meu momento, minhas falas. Contudo, fico sem saber se essa vaga está ou não em aberto e se você está ou não querendo preenchê-la. Seria eu suficiente? Outro balão.
Há tempos não me sentia tão pequena e frágil. Geralmente eu me protejo sozinha e agora busco a proteção do seu abraço. Você já viu alguém bravo consigo mesmo? Eu estou agora, brava por querer o controle, por querer pisar em terra firme, por estar vendada tendo que acreditar na sua voz (que eu ainda me questiono se é real ou se eu estou vivendo algum delírio de quarentena). Eis um nó que eu tenho medo de atar: confiança. E mesmo assim, estou fazendo por ti.
Um enigma pra mim. Às vezes tanta convicção, às vezes tão confusa. Incertezas que torturam uma ariana. Não sou adepta ao masoquismo, mas deixo que me inflija essa dor.
O medo da fuga é tamanho que prende as palavras, e os sentimentos, na minha garganta. Queria vomitar tudo isso, deixar transparecer e transbordar. Gostar não é mais suficiente pra descrever. Posso sussurrar baixinho? Promete não se assustar? Talvez esse sentimento monstruoso que é o amor só eu tenha coragem de encarar sem usar armadura. Tudo bem. Já enfrentei monstros maiores e mais cruéis.
Respiro fundo, afrouxo o nó, afasto seu rosto dos meus pensamentos e entro no banho. Por 5 minutos, esqueci de respirar você. Mas de amar? Nunca mais.

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