segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Je t'adore...



Adorar é o verbo dos meios termos. Qual a definição desse verbo? Adorar é menos do que amar e mais do que gostar, é como banho morno, que não tem a temperatura certa em nenhuma estação, ou parece quente demais ou frio demais, mas é agradável àquele que prefere não se arriscar a tomar um banho quente ou gelado. Adorar é amar sem realmente amar, é beijar sem realmente entregar sua alma à pessoa beijada, é abraçar sem sentir a necessidade de ficar ali fundido à outra pessoa.
Adorar é um café frio numa tarde de outono, é um sorvete derretido numa tarde escaldante de verão, é um buquê artificial, um caderno de capa mole, uma camiseta desbotada. Adorar é não permitir-se amar ou deixar que o medo te coloque na zona de conforto, lugar no qual você tem a garantia de que não vai se machucar, mas ao mesmo tempo não sente a intensidade do que é amar.
Adorar é chorar por ficar em casa sábado a noite e não se levantar e sair de fato; é não usar batom vermelho com medo de borrar, é olhar a chuva pela janela quando a vontade pede para pisar descalça no barro. Adorar é pior do que amar sem ser correspondido, já que de fato não se ama. Adorar é aquele meio termo que ninguém gosta, mas muitos praticam inconscientemente.
O pior de tudo é quem adora e pensa que ama, e depois despensa e pensa de novo, e aí percebe que apenas gosta. O pior é quem diz "te amo" no lugar de "te adoro" para não machucar a outra pessoa e, no fim, acaba deixando mais um indivíduo solitário e descrédulo nesse mundo.
O problema não é amar, é pensar que ama e, de tanto repetir a mesma mentira, acabar acreditando sem realmente sentir.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

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Faz tempo que não escrevo. Faz a mesma quantidade de tempo que não ponho meus sentimentos para fora. Estive indiferente durante esses meses, escondendo, lutando no meu interior, dizendo que está tudo bem, que não é nada demais. Porém, estou com medo, de novo. É o que eu mais sinto: medo. Na verdade, estou apavorada, com medo de que comece tudo outra vez e agora eu estou realmente sozinha. Ridículo como o mundo dá voltas e para sempre no mesmo lugar.
Minha mente, imaginação e coração estão querendo sonhar de novo, mas minha alma nem se permite sorrir de verdade… Eu sinto um grande bloqueio em mim. É ruim, dolorido e triste.
Chorei esses dias, mais do que o normal, passei o dia inteiro chorando, querendo morrer. Não muito diferente da situação do ano passado. Quando comecei a escrever nesse blog, eu apenas tinha um coração bobo partido. Agora eu estou inteira partida, e ainda escrevo, e ainda choro escrevendo e depois, ainda, choro lendo.
Porque a vida não é como um sonho bom? Tem que ser necessariamente esse pesadelo? Estou sofrendo tanto… Todos os dias, ao acordar, é uma luta diferente dentro de mim. E quem liga? As pessoas vêem um sorriso e acham que está tudo bem, que tudo passou, como a razão delas dizia que passaria. MAS NÃO PASSOU! Ainda está aqui! Ainda dói! E cada vez mais. E eu me sinto sozinha, triste.
Luto pra comer, luto pra não provocar nada em mim mesma, luto pra me olhar no espelho, luto pra conseguir me concentrar e estudar, luto pra conseguir sorrir, pra criar um quadro por fora de mim, justamente pra mostrar o que eles querem ver.
Porque uma pessoa não suporta ver a outra sofrendo, ela esnoba, ignora, passa por cima, afinal "não é com ela mesmo"… Pimenta nos olhos dos outros é refresco. E no coração dos outros? Na alma? Continua sendo refresco?
Me esforço tanto pra ajudar aqueles que precisam de mim, me disponho sempre que necessitam e quem está por mim? Como se eu estivesse curada, como se estivesse tudo normal! Aliás, o que é normal? Chorar toda noite é normal? Chorar se olhando no espelho é normal? Chorar por não ter ninguém é normal? Talvez até seja. Mas dói.
Comecei a lutar ano passado, fui me autossustentando até agora, mas eu estou sentindo meus pés afundando e eu sinto que tenho duas opções: ou afundar, ou cair. E ninguém vai me ajudar a levantar, aliás eu não queria alguém que me segurasse, queria alguém que me ajudasse apenas a levantar. Porque quedas são necessárias para aprender o que é viver, quedas são necessárias porque a dor "passa". Mas a minha passa e depois volta e eu continuo parada, no mesmo lugar de sempre, chorando rios, sorrindo por fora e solitária. Como sempre foi. Até agora.

domingo, 3 de agosto de 2014

Give me love


Me dê amor como deu a ela, pois hoje estou me sentindo extremamente triste e sozinha. As lágrimas que caem do meu rosto mancham a minha camiseta de cinza escuro e elas me dizem que eu deveria deixar o sentimento ir embora. Essas ideias rondam a minha mente durante toda a interminável noite. Talvez eu possa te ligar qualquer dia, depois que o meu sangue for apenas álcool. Sabe, eu só queria segurá-lo contra mim.
Me dê um tempo para pensar ou vamos terminar logo com isso, foi o que você disse, e tudo o que eu queria era amor. Nós brincávamos de tiro ao alvo, mas eu não percebi que em mim havia um grande circulo vermelho e fui eu que sai machucada. Tudo o que eu queria era o gosto amargo da sua boca na minha. Pelo amor de deus, me dê amor! Pelo amor de deus, me dê amor!
Me dê amor como nunca antes deu a ninguém, pois ultimamente eu tenho dado tudo de mim para você. E pode até ter passado um tempo, mas eu continuo sentindo o mesmo... Isso pode até parecer doentio então talvez seja a hora de ir embora e deixá-lo para trás. Mas eu lutarei até o fim e com certeza eu irei te ligar esta noite depois que o meu sangue for todo álcool. Você sabe que eu só queria segurá-lo contra mim.
Me dê um tempo para pensar, foi o que você disse, e talvez possamos brincar de tiro ao alvo novamente. Porém talvez eu preferisse que o meu coração não fosse mais o alvo. E toda vez que eu penso no gosto amargo da sua boca, é como se eu brincasse sozinha com os dardos, me acertando de novo e de novo e de novo. Me dê um tempo, foi o que você disse, e tudo o que eu conseguia dizer era: me dê amor. Me ame, como a amou e me dê amor.
Me ame e me dê amor, foi só o que eu pedi, mas os dardos eram mais cruéis do que suas palavras afiadas. Tudo o que eu quis te dar foi amor. Você disse que sentia falta do gosto amargo da minha boca, mas os seus sentimentos já haviam passado do prazo de validade e tinham apodrecido.
Pelo amor de deus, se você tivesse me dado amor... Talvez hoje só os meus beijos fossem amargos. E eu continuo pedindo, me dê amor porquê você sabe que eu te amei como nunca antes amei alguém.