sábado, 18 de junho de 2016

Guardo momentos mágicos e um coração partido

O destino é aquele valentão da escola primária que quer os doces que você pôde comprar depois de tanto insistir pra sua mãe deixar. Ele deixa você lutar pra conseguir algo, e depois tira de ti. Tira os sorrisos, os planos, o aconchego de um abraço querido. Ele leva quem você mais ama, seja pra outra cidade ou estado, seja pro eterno.
O destino é aquele professor do ensino médio que insiste em ensinar por métodos passados e reclama pela falta de interesse dos alunos. Ele nos mostra nossas opções, nos dá metas e põe inúmeros obstáculos no caminho. Eu sempre perco alguém no caminho... Pessoas que me fizeram acreditar que o mundo poderia de fato ser diferente do que eu conheço, mas que são impedidas de seguir comigo.
O destino é aquele veterano que você gosta, mas que só demonstra gostar de você quando precisa de algo: desde a sua companhia, até a sua atenção. Ele é aquele que te escolhe quando não há possibilidade de conseguir algo "melhor".
O destino é a pedra no sapato dos seus planos. Dos meus planos. É aquela comida que você não gosta de comer, mas precisa pra ser mais saudável; é a dor de cabeça que dá depois de uma noite de diversão, é o sorriso tranquilo de quem a gente ama quando este está com outra pessoa. O destino é a ferida que nunca cicatriza num paciente acamado.
E o que deveria eu fazer diante do destino sabendo que ele é imbatível? Como chorar por algo que eu já sei que está escrito? E como não chorar como uma criança querendo que as coisas possam ser diferentes? O destino não me deixa mais ver a luz no fim do túnel, a luz que era você. E o que deveria eu fazer nos dias ociosos, de frio intenso e nostalgia, e saudades, e dor, se não reclamar com o destino que ousa em virar as costas pra mim e me ignorar?!
Me distraí bem nas férias passadas... Tinha o mesmo nome que você, a mesma altura e até o mesmo perfume, mas claramente não o mesmo amor. Quem vai me distrair agora? Em quem vou depositar meus segundos ansiosos para não deixar escorrer o aperto no peito? Muitas expectativas pra um ano só, não?!
O destino não é o médico, o destino é a doença incurável do milênio. Basta um tratamento paliativo para reduzir os sintomas... Um medicamento chamado vida e um chá de ervas de tempo. Mas o destino estará sempre ali, esperando pacientemente para te surpreender: pra bem ou pra mal. Ou pra bem e depois pra mal. Ele estará sempre pronto a te dar uma 'crise'. Às vezes a crise é de amor, às vezes de dor, muitas vezes de saudade.
O destino é o livro de casamento dos seus pais, que mesmo separados hoje, pareciam felizes para sempre dentro daquele livro. Faz todo o sentido essa breve reflexão visto que os finais felizes só me aparecem dentro de livros...
E o destino é a pessoa certa na hora errada, ou a pessoa errada na hora certa. É a dor da partida e a felicidade do retorno. O destino é nada mais, nada menos, que a angústia de ver a vida passar sem muitos aplausos e sem a sensação de dever cumprido. O destino é a nota baixa que você sabe que não deveria ter tirado, é o feriado que passa rápido demais e é a semana que dura meses.
E o destino não é você quem faz. O destino é o que já está reservado pra você. E eu espero que pra mim o destino, no fim, seja um buquê bonito com um sorriso enorme pra me acompanhar na maioria dos meus dias, uma barriga grande que pode ou não se repetir, vários jalecos pra me dar força e um final - quase - feliz.

domingo, 12 de junho de 2016

Dia dos namorados

"Ela que fala pelos cotovelos
Fica sem palavras
Quando aparece um gesto bonito;
Ela que não abre mão da sua liberdade
Abre os braços
Para um abraço sincero;
Ela que sozinha
Lutou tanto na vida
Sabe que nenhum amor
Pode durar
Sem o esforço de dois."
Zack Magiezi

Há quatro anos, trocamos o primeiro "eu te amo". Eu não tinha ideia como expressar tal sentimento assim como não sabia defini-lo, nem sabia aceita-lo dentro do meu peito. Eu não sabia sentir o amor, não me achava merecedora do seu carinho, e não sabia retribuir de modo satisfatório. Há quatro anos, eu não conseguia acreditar que alguém realmente gostava de mim. E eu chorei, chorei com a cena que acabava de acontecer bem na frente dos meus olhos. Chorei discretamente, pois não sabia chorar por amor. E o abracei, pra sempre.
Há três anos, eram flores. Flores lindas, que eu gostaria que tivessem vivido pra ver o fim do nosso amor. Ou da nossa constância. Uma, a mais especial, branca e pura como foi o nosso relacionamento, essa durou. Você a fez durar. Hoje ela está sufocada dentro de uma sacola com a promessa de que você voltaria para buscá-la. Você não voltou.
Há três anos, foram flores em meio aos espinhos das nossas vidas. Quanta correria, e ainda arranjávamos tempo para amar. E amar exige esforço, mas não naquela época. Há três anos, era como respirar. E precisávamos respirar juntos.
Há dois anos, o ciúme invadiu e o seu amor me prendeu. O seu amor era explícito, é verdade. Eu o magoei. Imatura que era, já sabia aceitar, mas não valorizar. Sabia receber seus toques, seus presentes, seu sorriso e seus beijos. Não sabia demonstrar o quão grata eu era. Escolhi você, é certo, mas te machuquei, e pra isso não há perdão. Eu não me perdoei ainda. Tenho certeza que você não me perdoou também, e nem se perdoou por ter ido embora. Há dois anos, acertamos e erramos num ritmo frenético de quem está em sintonia. Há dois anos, houve muitas decepções nas nossas vidas.
Há um ano, estávamos separados fisicamente, mas o coração pedia um ao outro. Na minha cabeça está gravada a tutoria sobre bioquímica e a saudade que eu sentia (sinto) de você. Há um ano, nunca imaginávamos estar como estamos hoje. Há um ano, você chorava no Skype enquanto nos declarávamos. Era sincero, sei que sim.
Há alguns dias, jurei não falar mais de você. Jurei pros outros, e pra mim, que não sinto mais sua falta. Há meses me sinto confusa. Há meses não sei mais o que sinto. Sei que você também se sente assim. E prefere estar assim, afastado de mim, por querer tanto estar entre os seus. Prefere abnegar o amor, que mesmo depois de 9 meses se apresenta assim, neste texto, do que tê-lo, e ter-me, em seus braços.
Vou lhe dizer que prefiro substituí-lo. Prefiro encontrar outros carinhos e outros sorrisos para me aquecerem a alma do que procurá-lo como rocha, fria e pontiaguda, que só faz me machucar toda vez que insisto no mesmo erro. Nesse dia, sinto sim sua ausência, mas não há mais dor, só há vazio. Espero que o seu vazio não esteja sendo tão grande, mesmo com ela ao seu lado, já que ecoa por todos os lados aquela frase do final de fevereiro: "eu penso em você a todo momento, quando não estou com ela, e também quando estou".