quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Finais

O ano passa e as angústias continuam iguais, apesar das circunstâncias diferentes. Me faz falta escrever e postar aqui.
Durante a adolescência posso dizer que meus melhores amigos foram o blog e o libertar das palavras, e hoje não sei o que posso dizer sobre amizades além de que são findáveis.
Por enquanto esse tem sido o maior aprendizado da vida adulta: tudo tem fim uma hora ou outra. Às vezes é doloroso, mas necessário. Às vezes é só doloroso e ainda, às vezes, só necessário. E, por mais raras que sejam essas vezes, existem vezes em que um fim é bom e até prazeroso.
É fato que na maioria das vezes só vemos o lado "doloroso" das situações, pois somos apegados às pessoas, às coisas e ao sofrimento. Não somos ensinados a desapegar...
Desapego, pra mim, sempre foi sinônimo de liberdade e eu amo ser livre, entretanto não sou nada desapegada. Eu gostaria de conseguir soltar mais facilmente os nós que me prendem, os laços mal feitos de relacionamentos doentes, os pensamentos cinzentos que rondam a minha mente; mas eu sempre considero que as amarras podem ter alguma utilidade, como se fossem papéis velhos e usados que podem ser reciclados. Ninguém contou pro meu inconsciente que não se recicla sentimentos e sofrimentos.
E eu continuo guardando dentro de mim pessoas demais, amores demais, cobranças demais, metas demais. Nem valor mais isso tem, "guardar". Hoje é tudo rápido, digital, desprezível, mais findável que o findável de antigamente.
Os valores das coisas (e das pessoas) são diferentes ano após ano e é difícil se adequar a valores diferentes dos seus. Já demoramos tanto tempo nos descobrindo e tentando achar "um valor pra chamar de seu", que quando conseguimos já temos o dever de refletir se aquele valor realmente é adequado ou certo, e nos pegamos jogando esses primeiros fora e procurando outros. E outros, e outros, e outros, até que um dia você percebe que, na verdade, você estava tentando encaixar valores da moda que não cabiam em você. Então, de repente, até a descoberta sobre si mesma parece findável.
O que conforta é justamente tudo ter um fim: tanto coisas boas quanto ruins. Se o final é certo, melhor que seja esperado do que ser surpreendido.