quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Buscando exclamações

Porque de repente eu quero tudo de novo? Porque de repente tudo virou você, de novo? Porque, de repente, assim, novamente, vi amor? E, ah! Suspiros. Se existisse uma taxa pela palavra "porquê", eu estaria muito mais do que falida. Devedora pra vida.
Eu realmente deveria entendê-la, deveria superar os problemas. POR QUÊ?! Menos um centavo na minha conta bancária... E você não vê. Quem vê, finge não ver. E de novo você e você e você... Na minha mente, em todo lugar, em cada roupa, em cada cheiro, cada lembrança.
Quantos "você" existem aqui, comigo? Um em cada estado, um em cada pedaço do meu coração. Lembra dos textos apagados? São páginas arrancadas da minha vida, por você. Você, sempre você.
E apesar de tudo, não consigo ver-te sofrer. Não consigo ouví-lo chorar. Me corta, magoa, mata. Um outro fim pra um amor normal, mais um choro sem sentido. Não há razão pra te escrever, perdi a razão ao encontrar você. E as minhas palavras se misturam num mar de falsas canções.
É como dizem, tão fácil vivermos por nós... Muito difícil vivermos pelo próximo. Parece tão correto e normal que eu possa encontrar outro alguém; tão errado e tão impossível que você também encontre. Ninguém disse que seria fácil.
Sinto muito, sinto errado, sinto sujo. Sinto-me mal, sinto-me triste, sinto-me infeliz. Queria, como sempre, começar de novo. Talvez eu saiba porque a vida não é como jogos de vídeo-game: seria fácil demais apertar o reset ou o start pela milésima vez.
Quem eu quero? O que eu quero? Há quem fuja e quem encare os problemas... Assim como Katherine Pierce, eu escolho a terceira opção. Suicide.
Mas também não posso, nunca posso, nada posso. Odeio sentir. Sentir falta, medo, insegurança, calor, frio, nostalgia, culpa. Poderia ter nascido um gato, mas nasci humana. Poderia ser egoísta, mas nasci com os genes de minha mãe. Trouxa.
E ainda me arrependerei de todas as palavras, de todas as vírgulas, ponto-e-vírgulas, pontos finais. Nunca dos pontos de exclamação, pois me fizeram gritar. Nunca dos pontos de interrogação, pois precederam os que acabaram de ser citados. Me arrependo da única coisa que eu fiz sem querer na minha vida: ter nascido. 
Poderia ter me enrolado no cordão umbilical, poderia ter poupado ao mundo a minha incrível monstruosa presença. Poderia ter acabado no início. Maldita corrida de espermatozóides. Eu não sabia que não saberia lidar. Agora eu sei. E adoraria ter amnésia.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pontos de interrogação

Minha vida é feita de confusões. Papel e caneta são os meus psicólogos, muito pouco eficientes na resolução dos meus problemas pra falar a verdade. E você foi só você, e eu estou apenas sendo eu.
Milhares de coisas passam pela minha cabeça, muitas dúvidas, muitos questionamentos. Porque ao meu redor, tudo parece uma prisão. Todas as correntes de antes circulam ao meu redor, como incríveis e enormes cobras pretas que querem me pegar, me prender como antes. Elas riem de mim.
Coisas, fotos, conversas e pessoas voltam do passado. E tudo é transformado, de repente, em um vendaval. Há folhas coloridas e mortas por todo o lado, assim como aquele relacionamento que eu tanto idealizei (e que era mesmo quase que ideal, não fosse por mim). Colorido e morto. E eu ainda não sei o que o matou. Sou uma assassina? Sou uma má jardineira? Ou eu simplesmente continuo sendo eu, esbarrando em quem não devo, chorando pelo que não devo, escrevendo o que não devo nos lugares que não devo?
Que qualidades tenho? E até que ponto essas qualidades são mesmo qualidades? Qualidades pra quem? Pra mim ou pra você?
Meus sonhos, minhas vontades, todos são guardados a sete chaves e uma senha no lugar mais profundo do meu coração. Não posso, não posso, não posso. Volto a ser quem era, com pequenas mudanças (boas), com maiores lembranças (também boas). Volto a ser confusa. Volto ao poço, talvez ainda não ao fundo. E os meus olhos vermelhos voltaram de vez...
E você foi só você, e eu estou apenas sendo eu. Não há esforço. Não, nunca houve. E em outros tempos, em outras estações, com outros corpos e outras árvores, as forcei a crescer. Aceitei as pragas, tentei curá-las; aceitei o entortamento, tentei endireitá-las; aceitei a morte, elas por sua vez, não quiseram morrer.
Sigo tentando não machucá-la, querida plantinha, pois não sou egoísta. E não querendo me encher de méritos e pondo a modéstia à parte, sou incapaz de fazer-lhe mal. Então porque, percebendo isso, não morres de vez? Eu a enterraria e lembraria de ti como a boa sombra que fazias.
Insiste em viver. Insiste em tirar meu conteúdo, me matar. Sempre haverá esperanças, pra mim e pra ti.
E ele continua sendo ele, e eu sou apenas eu.