terça-feira, 22 de julho de 2014

Sentimento do dia: Frustração

Tenho refletido há alguns dias sobre as coisas que aconteceram na minha vida desde o ano passado. Talvez "refletido" não seja a melhor palavra a ser usada nessa situação, pois eu apenas não consigo mais me esquivar desse sentimento.
Lembro-me bem de, durante a colação de grau da oitava série, ter o sentimento de dever cumprido, de ter ficado satisfeita com o que eu era e com as coisas que eu havia realizado até ali. Lembro de todos os meus planos, meus sonhos, meus objetivos... Quando tudo mudou? Por que as coisas mudaram?
Naquela época eu sonhava em fazer intercâmbio, sonhava com minha festa de 15 anos; fazia planos malucos todos os dias de como eu seria quando completasse 18: magra, bonita e autossustentável num apartamento em São Paulo. Ironicamente, aqui estou eu, quatro anos depois, com 18 anos, sem ter realizado nenhum dos meus planos e sonhos. Não que isso seja uma grande novidade, já que eu sempre fui acomodada e não corri atrás de realizar nada. Claro que vários fatores influenciaram nisso, como meus relacionamentos patéticos, meus pais insensatos, minha falta de grana e minha falta de conhecimento sobre como correr atrás de sonhos, afinal, ninguém me ensinou que os sonhos poderiam ser realidade se você lutasse por eles.
Sempre fui uma garota meia-boca: aprendi a tocar instrumentos meia-boca, fui uma aluna meia-boca e uma adolescente meia-boca. O que não foi "meia-boca" foram os meus problemas.
As lembranças do meu primeiro colegial são quase zero. Lembro do primeiro dia de aula quando algum professor perguntou para cada um de nós ali qual curso queríamos fazer e, sinceramente, eu não fazia a mínima ideia. Mas eu lembro das respostas dos meus colegas: jornalismo, moda, arquitetura. É, o mundo dá voltas e são raras as coisas que permanecem iguais. Quem queria jornalismo hoje faz relações internacionais, quem queria moda, por sua vez, faz administração e quem queria arquitetura, prestou engenharia civil.
O sentimento que transbordava de mim no dia da minha colação de grau ano passado era frustração. Era tão gigante que não cabia em mim. Aquele ano eu dei o meu melhor, eu me esforcei mais do que ao máximo, eu suei, eu sofri, eu dei TUDO de mim. Eu inteira não fui o suficiente. Minha mãe sempre dizia quando eu era pequena: "você tem que se esforçar pra ser a melhor". Eu me esforcei e eu falhei.
Mesmo dando tudo de mim, eu não fui a melhor. Eu não fui primeiro lugar na classe, eu não passei na faculdade, eu não fiz intercâmbio, eu não voltei pra São Paulo, eu não emagreci, eu não conquistei nada do que eu sonhava conquistar quando chegasse aos 18. 
Chegou o ano novo e eu tive que arranjar um emprego, pois meus pais estavam se separando e a minha mãe não podia mais sofrer. Apesar de querer ajudá-la, o emprego não era o que eu queria. Hoje, nós não temos dinheiro, eu não posso estudar e nem fazer qualquer tipo de plano pessoal.
O sentimento de frustração é maior a cada dia, a cada vontade que eu tenho que engolir, a cada pessoa que passa na faculdade e eu não, a cada amigo que tem o que eu não posso ter por escolhas erradas de outra pessoa, a cada dia do meu namorado na faculdade que eu também prestei e não passei, a cada dia que eu lembro estar escrito "balconista" na minha carteira de trabalho.
Não me entenda mal, eu não to reclamando do emprego porque eu sou uma mimada fresca, mas eu quero mais e eu mereço mais, ou não me sentiria uma pessoa totalmente inútil como me sinto há alguns meses. Eu sempre imaginei que trabalharia pra pagar as minhas contas, sempre pensei que eu já estaria na faculdade nessa altura do campeonato. Eu até poderia estar na faculdade agora e na cidade que eu amo, mas eu quis outro curso e às vezes (sempre) me arrependo disso.
Tem gente no cursinho que já tá lá há três anos, só estuda, passa em qualquer curso todos os anos, mas não vai porque não se decide. E eu só queria um ano de estudo, só isso. Acho que dar o melhor de mim dois anos seguidos seria o suficiente.
É fácil falar pra alguém que se sente como eu que é só seguir os próprios sonhos, que é só correr atrás. Porém, correr atrás significa deixar pessoas importantes na mão, significa ser egoísta o suficiente pra pensar apenas no próprio futuro, e eu não sou mais assim. Eu era, mas depois que a gente muda, é impossível voltar a ser o que éramos.
Se antes eu reclamava de barriga cheia, hoje eu o faço de barriga vazia. Sinto falta de como era a minha vida e sinto ódio de como tudo mudou pra pior. A insegurança e a solidão me assolam e eu tento buscar forças, mas não sei aonde, não sei no que. Espero encontrar algum dia a paz e a felicidade que eu vejo em outras pessoas e que eu não consigo ter. E a minha vida continua baseada no esperar, esperar, esperar...

Ídolos

De acordo com o Dicionário Aurélio, um ídolos são certas figuras que desfrutam de grande popularidade como artistas de cinema, jogadores de futebol, etc. Meus ídolos costumavam ser pessoas famosas, pessoas que eu não fazia ideia como eram no dia-a-dia nem de como eram suas histórias de vida. Pessoas para quem eu dava minha admiração, minha paixonite e, principalmente, meu dinheiro. Muito da vida dessas pessoas era resumido em sorte, não em esforço e estudo.
Hoje, meus ídolos não são mais os mesmos e muito menos morreram de overdose. Os meus ídolos são pessoas que realmente merecem a minha admiração, aqueles que eu nunca tinha parado para elogiar, agradecer e agradar. Tenho tanta honra em conhecê-los que preciso descrevê-los para vocês.
Minha mulher preferida de todos os tempos é uma das mulheres mais fortes no mundo. Aguentou calada anos de sofrimento e de dor, de humilhação, de tristeza e de medo. Lutou para cuidar de quem ama e de si mesma. Luta todos os dias, até hoje. Ela levanta cedo e vai atrás dos problemas inúteis dessa vida, mas ela sabe que isso não é tudo. Seus conflitos internos são bem maiores, mas ela aguenta a barra. Aguentou doenças, passou pelo câncer, e venceu, como ela sempre faz. Apesar dos obstáculos, ela sempre vence, sempre. Ela merece muito mais a minha admiração do que qualquer cantora adolescente ou atriz de meia-idade em pleno auge de sua carreira.
Meu outro ídolo tem mais ou menos as mesmas características dessa mulher, com exceção de ser homem (dã). Nunca vi em homem algum a dedicação e o amor desse para com sua família. A vontade de crescer sempre mais, de ser sempre honesto e carinhoso é contagiante. Me sinto excelentemente bem em sua companhia... Ele é quase como um pai. Quase porque a gente não pode considerar como pai um professor de matemática, não é? (Risos). Brincadeiras à parte, ele é um pai. Todos os conselhos, o jeito como percebe que não estou bem e sempre me ajuda, sendo na matéria ou não, é muito acolhedor. Ele é o meu segundo ídolo, pois minha admiração por ele é cada vez maior. É o tipo de pessoa que a gente sente honra por estar perto.
Meu terceiro ídolo, não por ordem de importância, é quem eu sempre quis encontrar na vida. Não que a minha vida tenha sido extremamente longa até aqui, mas ele é quem todas as mulheres no mundo querem encontrar. Talvez, pra você leitor, ele não seja o cara mais lindo do mundo, mas pra mim é muito mais que isso. Ele atinge o que chamamos de perfeição. Alguém assim chega a ser surreal, daí eu admirá-lo tanto e daí ele ser um dos meus ídolos. Pensar que eu, dentre tantas, o conquistei, é uma honra. Sempre sentimos isso quando estamos com quem admiramos... 
Acho que o sentimento mais nobre, afinal de contas, não é o amor. O amor falha, às vezes (quase todas) machuca, fere. A honra é um sentimento nobre porque te eleva à um estado que, apesar de você saber cada defeito da pessoa, você encontra muito mais motivos para admirá-la.
Depois de alguns anos a gente percebe que a futilidade da adolescência passa, nós amadurecemos e aprendemos a olhar para o mundo com outros olhos. Nós aprendemos que nem todo mundo tem o mesmo ideal de vida perfeita e nem todo mundo é infeliz, nem todo mundo é marcado por falsidade e violência, nem todo mundo é desonesto, nem todo mundo é como nós imaginamos. A única coisa certa é que nós só admiramos o que achamos difícil ou impossível de ser ou conquistar, nós só admiramos o que não somos ou que pensamos não ser. E, no final, o que sempre esperamos é que possamos ser iguais aos nossos ídolos.