sábado, 15 de fevereiro de 2020

Me ajude a te esquecer

Naqueles dias em que o ócio nos convence de que tudo é mais interessante do que nossas obrigações, minha mente se prende em sua existência.
Não consigo mais engolir os seus dizeres, sua fala engessada de quem quer fingir que tudo está igual. Tudo está diferente, exceto a minha insegurança, fixação obscura em guardar qualquer um que passar por mim em um potinho na minha sala secreta das boas lembranças.
É impossível não olhar para a tela escura a cada dois minutos. Não há mais notificações.
O problema de não cortar o mal pela raiz é justamente esse: você espera que vá aparecer. Flores, corações intactos e romantização. Mas já se passaram três anos, sete meses e doze dias, e nada disso chegou. Talvez tenha se perdido durante o percurso - é o que você quer pensar. O que eu quero pensar. Porém, quando o cérebro se distancia do que lhe agrada, há manipulação. Todas as negativas desaparecem. É preciso se lembrar.
Necessita-se entender que houve desistência. Essa manipulação que mencionei me faz acreditar na possibilidade de tudo ser apenas um mal entendido. Não é o caso.
A realidade é que tudo é um bem entendido. As duas partes entendem sobre os erros. Nenhuma parte quer repará-los, colar os cacos. É melhor, e mais fácil, trocar de página -  de boca e coração.
Todos os dias quando acordo, me puxa um bom dia. Eu quero - e não quero - me afundar.
Não quero mais dissipar meus pensamentos onde não há amor, como fumaça onde não há mais fogo. Isso não me ajuda a te esquecer.

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